Quem nunca precisou ser salvo de
alguma situação, por mais simples que fosse? Pois a palavra SALVAÇÃO está
presente no dia a dia de todos nós e a usamos sem mesmo nos darmos conta que
ela possui, além de um simples pedido de socorro, também um sentido mítico.
O termo ‘Salvação’ tem suas
raízes na palavra hebraica YESHUA e está presente nos escritos do Antigo
Testamento. No Novo Testamento a mesma palavra foi traduzida para o grego e
chegou até nós transliterada e conhecida pelo nome JESUS. Este, afirma o Novo
Testamento, é o Salvador prometido por Deus para ‘salvar’ toda a humanidade,
mas os judeus tiveram lá suas dúvidas e não o reconheceram como tal. Os que ao
contrário partilharam, passaram a ser chamados de cristãos e depositaram nele a
sua salvação. Para os judeus o seu salvador ainda aparecerá. As religiões,
mesmo algumas que não são cristãs, possuem suas crenças baseadas em algum tipo
de salvação, mesmo que não seja ‘salvar do inferno’ - que é o suposto lugar
para onde vão os ‘não salvos’. Podemos afirmar que este é o sentido mítico da
palavra.
Podemos nos deparar no dia a dia com
alguém que simplesmente pode ‘salvar’ o arquivo do computador; nos filmes os
heróis salvam as pessoas das catástrofes; um acordo de paz pode salvar milhares
de soldados que poderiam perder suas vidas. A sociedade - por mais que espere -
ainda acredita que a polícia a poderá salvar dos bandidos e a polícia, por sua
vez, se previne com equipamentos à prova de balas que a poderá salvar de um
projétil fatal; classifica os bombeiros como uma entidade nas quais mais confia;
já não acredita tanto nos políticos para salvar o país das possíveis crises e
proporcionar aos seus compatriotas a possibilidade de uma vida menos sofrida. A
medicina pode gabar-se de ‘salvar vidas’ em um transplante que foi um sucesso,
na descoberta de uma nova vacina; o médico que cumpriu o plantão e salvou na
emergência. No esporte, o goleiro que salvou o time de tomar um gol; o jogador
que fez o gol e salvou o time de cair na tabela, etc. Estamos condicionados à
salvação de um jeito ou de outro.
A Igreja é composta pelo
programador de computadores, pelo médico, pelo bombeiro, pelo atleta, pelo
político e porque não dizer que ela também possui seus heróis? Os nomes de
pessoas que fizeram parte da Igreja e foram mártires ou fizeram um trabalho que
lhes custaram a vida, perpetuam até hoje e são considerados ‘santos’. Mas onde
a palavra Salvação deve aparecer no contexto religioso e que envolve os
profissionais que vivem ‘salvando’ no seu dia a dia?
Entendemos que a salvação deve
aparecer na missão da Igreja de socorrer o seu semelhante e por muitas vezes
chegar ao ponto de salvá-lo de si mesmo, quando este já se encontra dominado
por algo destrutivo. A missão da Igreja vai caminhar por esta via de mão dupla,
onde o ser humano vive suas próprias batalhas entre o natural e o espiritual. Se
a Igreja seguir os passos de Jesus, ela não se limitará em um socorro que
depende de profissionais que atuam na sociedade, ela irá além e ajudará as
pessoas a vencerem suas próprias condenações e tormentos, ajudando-os a
encontrar o verdadeiro sentido da salvação que aponta para a eternidade. E
então a Igreja só assim não repetirá a tão conhecida frase: “Salve-se quem
puder!”.